Desvantagens em Enfatizar as Diferenças Secundárias – Shiwa Lha – Centro de Estudos do Budismo Tibetano

Desvantagens em Enfatizar as Diferenças Secundárias

Queridos irmãos e irmãs, estou extremamente feliz por essa oportunidade de falar com vocês. Primeiramente, eu gosto sempre de deixar claro que, quando dou palestras às pessoas, por favor, pensem em si como um ser humano. Isso é dizer, por exemplo, não pense “eu sou suíço”, “eu sou italiano”, ou “eu sou francês”. Meu tradutor não deveria pensar que é francês! Eu também não devo pensar que sou tibetano. Além disso, eu não deveria pensar em mim como budista, porque geralmente nas minhas palestras, a base do caminho para viver uma vida feliz e menos perturbada está em ser um ser humano.

Cada um dos sete bilhões de seres humanos deseja uma vida feliz, e cada um tem todo o direito de atingir esse objetivo. Se nós enfatizamos diferenças secundárias como “eu sou tibetano”, então isso faz parecer que estou mais preocupado com o Tibete. Além disso, “eu sou budista” gera algum tipo de sentimento de proximidade com outros budistas, mas automaticamente cria algum tipo de distância de outras fés.

Na verdade, esse tipo de visão é fonte de problemas, incluindo os muitos problemas e a imensa violência que os seres humanos têm enfrentado no passando e que continuam a enfrentar no século XXI. Violência nunca acontece se você considerar as outras pessoas como seres humanos, assim como você. Não há razão para matar um ao outro; mas quando nós nos esquecemos da humanidade como una, e ao invés disso nos concentramos nas diferenças secundárias como “minha nação” e “a nação deles”, “minha religião” e a “religião deles”, nós criamos distinções e nos preocupamos mais com o nosso próprio povo e seguidores da nossa religião. Assim, nós desconsideramos os direitos dos outros e temos nenhum respeito pelas vidas dos outros. Muitos dos problemas que enfrentamos hoje emergem dessa base, de colocar demasiada ênfase e importância em diferenças secundárias.

Agora, o único remédio para isso é pensarmos logicamente em nós mesmos como sendo seres humanos, sem demarcações ou barreiras. Quando dou palestras, por exemplo, se eu me considerar budista tibetano e, talvez, ainda mais, se eu pensar em mim mesmo como “Sua Santidade o Dalai Lama”, isso cria certo tipo de distância entre mim e a audiência, o que é tolice. Se eu estou sinceramente preocupado com o seu bem-estar, tenho que falar com você no nível de sermos irmãos e irmãs humanos, os mesmos seres humanos assim como eu. Na verdade, nós somos o mesmo: mentalmente, emocionalmente e fisicamente. E mais o importante, todos querem uma vida feliz sem nenhum sofrimento, e eu sou o mesmo, então vamos conversar nesse nível.

Transcrição de um seminário , Friburgo, Suíça, Abril de 2013, levemente editado por Alexander Berzin.

TEXTO RETIRADO DO SITE: Study Buddhism

Vamos Conversar?